Formação
A "Iugoslávia" ou "Jugoslávia" nasceu com o nome de Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, (em croata: Kraljevina Srba, Hrvata i Slovenaca; em sérvio: Краљевина Срба, Хрвата и Словенаца; em esloveno: Kraljevina Srbov, Hrvatov in Slovencev; em macedônio: Кралство на Србите, Хрватите и Словенците), com o término da Primeira Guerra Mundial. O novo reino foi proclamado em 1 de dezembro de 1918 pelo príncipe regente Alexandre Karadjordjevic, em nome de seu pai, o rei Pedro I da Sérvia.A Croácia, o território esloveno, a Bósnia, a Herzegovina (anexada ao Império Austro-Húngaro em 1908 e reunida no Estado dos Eslovenos, Croatas e Sérvios) e Montenegro uniram-se, assim, ao Reino da Sérvia (que já incluía o Kosovo, a Macedónia e a Voivodina).
O território eslavo da Caríntia na recém-constituída República da Áustria decidiu não se unir ao novo reino. A cidade portuária dálmata de Zadar e algumas ilhas dálmatas foram cedidas à Itália (voltariam à Iugoslávia após a Segunda Guerra Mundial). A cidade de Rijeka, conhecida em italiano como "Fiume", foi declarada Estado livre, mas foi ocupada e, em 1924, anexada pela Itália. As tensões com a Itália continuaram, com esta reivindicando mais territórios na costa da Dalmácia e com o novo reino exigindo a Ístria, parte da antiga província costeira austríaca que havia sido anexada à Itália mas que contava em sua população número considerável de croatas e eslovenos.
Concluído o processo de formação territorial, o novo reino apresentava um território ligeiramente menor do que o da futura República Socialista Federal da Iugoslávia e uma população de cerca de 13 milhões de habitantes.
A Constituição
A Constituição do reino, aprovada em Assembléia Constituinte em 1921, estabeleceu uma monarquia unitária. Os políticos sérvios consideravam a Sérvia como o núcleo da unidade iugoslava, assim como o foram o Piemonte para a Itália, ou a Prússia para o Império Alemão. Nos anos seguintes, aumentou a resistência croata contra uma política servo-cêntrica. Stjepan Radić, chefe do Partido Camponês Croata, foi preso por motivos políticos, tendo sido solto em 1925, quando retornou ao Parlamento.Na primavera de 1928, Stjepan Radić e Svetozar Pribičević travaram uma amarga batalha parlamentar contra a ratificação da Convenção de Netuno com a Itália (concluída em 20 de julho de 1925, que deveria regular a situação dos italianos na Dalmácia e a anexação de Zadar à Itália). Para tanto, mobilizaram a oposição nacionalista também na Sérvia, mas terminaram por provocar violenta reação da maioria governamental, até mesmo com ameaças de morte. Em 20 de junho de 1928, um integrante da maioria, o deputado montenegrino Puniša Račić, atirou contra cinco membros do Partido Camponês Croata, inclusive Stjepan Radić. Dois morreram no plenário da Assembléia e Stjepan Radić ficou entre a vida e a morte.
Com isto, a oposição retirou-se por completo do Parlamento e exigiu novas eleições. Em 1° de agosto de 1928, numa reunião em Zagreb, a oposição repudiou a declaração de 1° de dezembro e exigiu que a unificação fosse reavaliada. Em 8 de outubro, Stjepan Radić faleceu.
A Ditadura
Em 6 de janeiro de 1929, em reação à crise política causada pelas mortes no Parlamento, o rei Alexandre aboliu a Constituição e estabeleceu uma ditadura pessoal. Em outubro, alterou o nome do país para Reino da Iugoslávia e reorganizou as divisões territoriais.Em 1931, Alexandre I outorgou uma nova Constituição que fez do poder executivo uma concessão do rei. As eleições passariam a ser por sufrágio masculino, o sigilo eleitoral foi suprimido e os funcionários públicos seriam pressionados para votar no partido do governo. Metade da Câmara Alta do Parlamento seria indicada diretamente pelo rei.
Em 9 de outubro de 1934, o rei foi assassinado em Marselha, França, por exilados iugoslavos, membros radicais de partidos políticos que ele havia banido cinco anos antes.
Devido à menoridade do sucessor de Alexandre, seu primogênito Pedro II, uma regência trina assumiu as funções reais, com predomínio do primo do rei, príncipe Paulo Karadjordjevitch.
A queda
Em 25 de março de 1941, o príncipe regente Paulo assinou o Pacto Tripartite (que criou o Eixo), em Viena. Grandes manifestações em contrário seguiram-se em Belgrado e o sobrinho de Paulo, juntamente com oficiais pró-Inglaterra e políticos de classe média, tomaram o poder por meio de um golpe de Estado em 27 de março de 1941. O general Dušan Simović tornou-se primeiro-ministro. Embora a Iugoslávia procurasse sair da esfera do Eixo, terminou por assinar o Pacto Tripartite, temendo que a Inglaterra não estivesse em condições de assistir o país no caso de um ataque alemão.De qualquer modo, os países do Eixo invadiram a Iugoslávia em abril de 1941. A família real refugiou-se no exterior.
O Reino da Iugoslávia foi dividido pelo Eixo: a Hungria e a Bulgária anexaram algumas áreas de fronteira, a Croácia tornou-se o Estado Independente da Croácia e criou-se um Estado sérvio, sob a administração de Milan Nedić, que ainda reconhecia Pedro II como rei.
Pedro II continuou a ser reconhecido pelos Aliados como soberano sobre a totalidade do Estado iugoslavo. Porém, durante a guerra, o poder efetivo passou às mãos do movimento de resistência de Tito. Em 16 de junho de 1944, foi assinado o acordo Tito-Šubašić , o qual reuniu os governos de facto e de iure da Iugoslávia.
No início de 1945, depois que as forças alemãs foram expulsas, o Reino da Iugoslávia foi formalmente restaurado, mas as novas autoridades comunistas logo proclamaram a "Iugoslávia Democrática Federal", em 2 de dezembro de 1945, renomeada "República Popular Federal da Iugoslávia" no ano seguinte e, em 1963, República Socialista Federal da Iugoslávia.
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