28 de nov. de 2011

RONALDINHO DESENCANTA, FLA BATE O INTER E VOLTA À ZONA DA LIBERTADORES

Rubro-Negro vence o Colorado por 1 a 0, volta ao G-5 e fica mais perto da vaga. Gaúchos precisam vencer o Gre-Nal e secar concorrentes
Uma escalação surpreendente, um craque sortudo e um goleiro que mais parecia uma parede. Num domingo de reencontro com a vitória após três jogos, o Flamengo superou o Inter, rival direto na disputa por uma vaga na Libertadores da América, voltou ao G-5 e só depende dele para ir à competição continental na próxima temporada.

No estádio Cláudio Moacyr, em Macaé, no Norte Fluminense, o Rubro-Negro foi engolido no primeiro tempo, mas mesmo assim conseguiu sair na frente. Ronaldinho voltou a marcar depois de pouco mais de dois meses. Depois, o time fechou a porta, jogou a chave fora e conseguiu manter um resultado precioso.

O placar de 1 a 0, magrinho, tem importância gigantesca. Com 60 pontos, a equipe sobe da sexta para a quarta posição e só precisa de um ponto no clássico contra o Vasco para ficar com a vaga, na última rodada.
Ronaldinho Gaúcho comemora gol do Flamengo contra o Internacional (Foto: André Portugal / Vipcomm)Ronaldinho Gaúcho comemora gol do Flamengo contra o Internacional (Foto: André Portugal / Vipcomm)
O Colorado, que se via em situação até certo ponto tranquila, não depende mais do próprio esforço. Com 57, está em sexto, vai precisar vencer o Grêmio e torcer por uma derrota do próprio Flamengo ou para que o Coritiba não vença o Atlético-PR, na Arena da Baixada. Faltou sorte ao time vermelho. Faltou cuidado ao zagueiro Rodrigo Moledo, que falhou no lance que decidiu o confronto, aos 46 do primeiro tempo.  
Domingo que vem, o Flamengo enfrenta o Vasco. A partida será no Engenhão. O Inter recebe o Grêmio no Beira-Rio. Todas as partidas da última rodada do Brasileirão serão às 17h (de Brasília).
Mãozinha para R10
É caprichoso esse tal de futebol. E também é cruel. O Inter que o diga. Foram 45 minutos de domínio, de mais organização, de absoluto controle tático. De algumas boas chances de abrir o placar. O gol poderia ter saído com Leandro Damião, em cabeçada forte que Felipe espalmou. Com D’Alessandro, o melhor em campo, em chute colocado que buscava o ângulo. Ou com Gilberto, numa conclusão de dentro da área. Poderia, poderia, poderia...
O Flamengo correu sério risco de ir para o intervalo sob vaias. Cheio de mudanças, o Rubro-Negro jogou na base da vontade. Esforço que não escondeu as deficiências da equipe. Vanderlei Luxemburgo surpreendeu na escalação. Welinton voltou a ser titular, Rodrigo Alvim, que poucas vezes foi relacionado no ano, substituiu o suspenso Junior Cesar - e foi muito vaiado. No meio, Fierro ganhou uma chance. No ataque, Deivid sobrou. O camisa 9, artilheiro do time na competição com 15 gols, foi para o banco. Thomás entrou e fez dupla com Ronaldinho.

Como referência na linha de frente, R10 vagou em campo, quase não tocou na bola. Uma cobrança de falta que explodiu no peito do goleiro Muriel, algumas tentativas frustradas de dribles e arrancadas, um carrinho violento em Nei. Foi o pouco que ele fez. Mas quando fizeram por ele, soube aproveitar. Aos 46 minutos, Thiago Neves fez o passe da esquerda para a entrada da área, o zagueiro Rodrigo Moledo cortou errado e entregou a bola para o camisa 10. Com calma e categoria, o Gaúcho bateu na saída de Muriel. Gol com jeitão de soco no estômago dos colorados: 1 a 0.

Se gol tivesse nome, este poderia ser chamado de alívio. Ronaldinho, que vive os dias mais conturbados desde a chegada ao Flamengo, não marcava havia dois meses, desde 21 de setembro. Na comemoração, ele encarou os reservas do Inter, saltou, abraçou e foi abraçado, reverenciou a torcida, beijou o escudo do clube e sambou. Oitavo gol dele em 14 partidas contra o Colorado.
Um torcedor do Flamengo atirou uma garrafa plástica na direção do trio de arbitragem logo depois do encerramento da primeira etapa. Evandro Rogério Roman recolheu o objeto e deve relatar na súmula.

Fla vai na raça, e Felipe segura o Inter
O Inter voltou para o segundo tempo com a certeza de que havia sido bem melhor na etapa inicial, mas com prejuízo no placar. Esbarrou num adversário fortalecido e nos próprios erros. D’Alessandro já não jogava tão bem, Oscar andava sumido, Nei não apoiava tanto, e Damião pouco recebia bolas na área. Pior: o Flamengo quase ampliou com um voleio de R10 – Kléber salvou sobre a linha – e numa cabeçada de Welinton que passou rente à trave. A primeira chegada com perigo do Colorado foi aos 14. D’Alessandro recebeu passe de Oscar na entrada da área, bateu colocado, mas a bola se perdeu pela linha de fundo.
Dorival Júnior não esperou muito e lançou Andrezinho no lugar do atacante Gilberto. O toque de bola colorado melhorou, e a equipe passou a fazer pressão. Muita pressão. Ali começava a aparecer outra figura do jogo: Felipe. Numa sequência de ataques da equipe vermelha, o camisa 1 virou um muro. Foi bem nas saídas de gol, não deu rebotes e fez até milagre. Quando Damião recebeu passe na área, Alex Silva até tentou acompanhá-lo, mas o artilheiro girou rápido e bateu forte. Felipe pegou de forma incrível. Na sequência do lance, o atacante dividiu com Fierro e caiu na área. O árbitro nada marcou, mas os gaúchos pediram pênalti. D’Ale também tentou em chute de longe, mas em sucesso.

Luxa lançou Negueba na vaga de Thomás, mas a postura rubro-negra pouco mudou. O time esperava o Inter, se defendia a todo custo e buscava jogar nos contra-ataques. Os gaúchos se lançavam cada vez mais, só que batiam e voltavam. Dorival Júnior foi expulso por reclamação. O tempo foi passando, passando, até que o cenário se tornou irreversível.

Foi um domingo especial para os rubro-negros. Dia de dar um tempo na crise, de crescer na hora certa para não deixar o projeto afundar. Foi um domingo chato para os colorados. Dia em que nada deu certo, de frustração. Domingo que vem tem mais.

6 de nov. de 2011

ENDIABRADO: FLA GOLEIA, VOLTA AO G-5 E DEIXA O CRUZEIRO EM APUROS

Em dia inspirado de Deivid, Thiago Neves e Muralha, Rubro-Negro faz 5 a 1 e se mantém na briga pelo título. Raposa entra na zona de rebaixamento
Um Engenhão vermelho, preto e feliz. Feliz e confiante. O Flamengo teve uma tarde de domingo como há muito não se via. De bom futebol, de gols de sobra, de talento. Um domingo de Thiago Neves, autor de três gols, de Deivid, que fez dois, de Muralha, que, pouco a pouco, se consolida como uma grata revelação do Rubro-Negro. Um domingo de goleada empolgante, de volta ao G-5 e de sonho ainda muito vivo pelo título Brasileiro. Soberano, o time de Vanderlei Luxemburgo goleou o Cruzeiro por 5 a 1, de virada, pela 33ª rodada. O gol de Anselmo Ramon, no primeiro tempo, acabou sendo apenas um susto. Com o resultado, o time chega a 55 pontos, assume a quinta posição e aguarda o encerramento da rodada. Durante quase todo o segundo tempo, a torcida, 34.496 eufóricos pagantes, festejou aos gritos de “o campeão voltou”.
Do lado celeste, drama. Daqueles que fazem doer lá no fundo da alma. O esforço dos jogadores foi inútil. Mesmo quando esteve em vantagem não conseguiu ser melhor. Faltou sorte no gol de empate do Fla, quando a bola explodiu no travessão, tocou no goleiro Fábio e entrou. Faltou competência ao zagueiro Victorino, que perdeu um pênalti quando o placar apontava 1 a 0 para a Raposa. Faltou Montillo, a única andorinha que faz verão de um time desencontrado. O argentino sentiu a coxa esquerda logo no início do segundo tempo. Com 34 pontos, o Cruzeiro está na zona de rebaixamento, em 17º lugar.
Na próxima rodada, o Flamengo enfrenta o Coritiba no domingo, no Couto Pereira, em Curitiba, às 17h. Às 19h, o Cruzeiro recebe o Inter na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas.
Travessão ‘defende’ e ‘ataca’ pelo Fla
No vestiário do Flamengo, pouco antes de o jogo começar, caiu no colo do goleiro Paulo Victor uma bomba em forma de oportunidade. Na revisão feita pelo médico José Luiz Runco, Felipe, titular da posição, informou que fizera uso de um analgésico proibido sem consultar o clube. Vanderlei Luxemburgo teve de vetá-lo, já que havia o risco de ser pego no exame antidoping, caso fosse sorteado. O treinador mostrou-se profundamente irritado e chamou o camisa 1 de irresponsável.
O Rubro-Negro e o Cruzeiro entraram em campo pressionados para uma decisão. Os cariocas de olho no G-5 e no título, e os mineiros em apuros na cercanias da zona de rebaixamento. Foi um Flamengo empolgado, empurrado pela torcida, mas com dificuldades na articulação de jogadas. A saída de bola com Maldonado e Airton ficou comprometida, lenta, já que Thomás, Thiago Neves, Ronaldinho e Deivid estavam muito avançados. O jeito foi chutar. Uma, duas, três, muitas vezes. Thiago Neves tentou quatro arremates de fora da área antes dos 15 minutos. Thomás também arriscou. Diego Renan fez o mesmo pelo Cruzeiro.
Ronaldinho Flamengo x Cruzeiro (Foto: André Portugal / VIPCOMM)Ronaldinho tenta se livrar da marcação durante o primeiro tempo (Foto: André Portugal / VIPCOMM)
O torcedor do Flamengo não esqueceu o que Montillo fez na Libertadores do ano passado, ainda pelo Universidad de Chile. O argentino foi vaiado desde o primeiro minuto, marcado, mas não se intimidou. Como sempre, conduziu a equipe celeste com arrancadas e bons passes. Na bola parada, criou o gol da Raposa, aos 22. Em cobrança de escanteio, achou Farías, que escorou para Anselmo Ramon completar. Sem marcação, o atacante completou de pé direito: 1 a 0. O segundo não saiu quatro minutos depois por pouco. Farías acertou o travessão, e Paulo Victor ficou com o rebote.
Em desvantagem, o Flamengo mostrou-se perdido por alguns minutos. Montillo aproveitou. Aos 28, em nova arrancada, o camisa 10 invadiu a área e foi derrubado por Alex Silva, de forma grotesca. O árbitro marcou pênalti. Depois de perder quatro cobranças na temporada, o gringo deu um tempo e deixou de ser o batedor oficial. O zagueiro uruguaio Victorino assumiu a responsabilidade e falhou. No chute forte, parou no travessão de PV.
Inflamada, a torcida rubro-negra fez a equipe de Luxa correr mais, se doar muito mais. O travessão que ajudou a defender, também ajudou a atacar. Em bonito chute de Deivid de fora da área, a bola explodiu na barra, bateu no goleiro Fábio e entrou mansa, aos 35. Décimo quarto gol do camisa 9 no Brasileirão, o melhor do Flamengo na primeira etapa: 1 a 1. O empate deu gás, e o time criou uma sequência de boas chances. Na melhor delas, Thiago Neves, mais uma vez, buscou o ângulo em chute de fora da área, mas Fábio fez grande defesa. Faltou tempo para a virada.
Endiabrado, Fla aniquila o Cruzeiro
Havia dois times em campo, mas só um jogou. Foram 12 minutos endiabrados do Flamengo no início do segundo tempo. Irretocáveis. Se algum rubro-negro demorou um pouco mais no banheiro no intervalo, perdeu o segundo gol. Aos três minutos, Ronaldinho cobrou escanteio na segunda trave, e Deivid completou de cabeça: 2 a 1. Desta vez, a torcida que tanto critica o camisa 9, aplaudiu. Ele mereceu. Deivid correu demais, armou, brigou pela bola e fez o que se espera dele. Com 15 gols, é o artilheiro do time no Brasileirão.
Thiago Neves Flamengo x Cruzeiro (Foto: André Portugal / VIPCOMM)Thiago Neves comemora um dos gols do Flamengo  (Foto: André Portugal / VIPCOMM)
O Cruzeiro sentiu o golpe. E doeu. Doeu também a coxa esquerda da Montillo, substituído aos seis minutos. Roger entrou e viu Muralha, que substituíra Maldonado no intervalo, e Thiago Neves brilharem. Com duas assistências do volante, o camisa 7 fez o terceiro e o quarto: 4 a 1 com direito a gritos de “olé” e de “o campeão voltou”. Enquanto R10 e Thiago dançavam na bandeirinha de escanteio, Thomás e Muralha, a nova geração rubro-negra, festejavam abraçados e aos pulos do outro lado do gramado. E antes do segundo gol de Thiago, Ronaldinho quis fazer graça e perdeu a chance de fazer o dele: livre na grande área, olhou para o lado na hora de finalizar e mandou para fora.
Vagner Mancini fez as duas alterações que lhe restavam para tentar diminuir o tamanho do estrago. Tirou Charles e colocou Elber. No lugar de Farías, lançou Wellington Paulista. Em vão. O Rubro-Negro continuava soberano, agressivo, com gana. Aos 24, Thiago Neves abusou da categoria. Em bola recuada, Fábio chutou em cima do camisa 7. Com calma e talento, Thiago encobriu o goleiro com um toque lindo. Golaço e Engenhão aos pulos: 5 a 1.
Completamente entregue, o Cruzeiro não teve qualquer chance de reação. Para completar, Anselmo Ramon ainda foi expulso de campo, após acertar o pé na cabeça de Fierro. Com um a menos, o jeito foi esperar, ao som dos gritos de olé, a agonia passar e tentar entender como um time que encantou na maior parte do primeiro semestre vive uma fase tão ruim.

2 de nov. de 2011

Willians busca ajuda com psicólogo e revela: 'Queria parar de jogar, ia parar'

Volante do Fla pede desculpas para time, técnico e diretoria, e diz que trabalho e disciplina são únicas formas de reconquistar a confiança e apagar erros

Ao jogar videogame, Willians escala Willians. No Flamengo, depois de uma sequência de atos de indisciplina, o volante vive seu momento mais problemático desde a chegada, em 2009. A falta sem justificativa ao treino do último sábado, véspera do importante jogo contra o Grêmio, provocou o corte da partida e o afastamento do elenco por tempo indeterminado. Do mundo virtual para o real, sai a máquina e entra o ser humano, com seus defeitos e a certeza de que a vida de jogador de futebol não pode ser controlada como num jogo de Nintendo. Willians esteve perto do "game over", como revela nesta entrevista exclusiva.
- Queria parar de jogar, eu ia parar.
O jogador repensou a decisão. A partir de agora, terá o acompanhamento de um psicólogo para evitar recaídas.
Entrevista com Willians do Flamengo (Foto: Janir Junior)Willians joga video game. Na tela, futebol virtual, com 'Willians' em campo (Foto: Janir Junior)
Além de desentendimentos com a mulher, Mariana, prestes a dar à luz Beatriz, Willians diz ter outros problemas particulares. Ele prefere não detalhar o assunto, mas admite que lhe faltou suporte no processo de ascensão profissional e social.
Em 2009, ao acompanhar de perto a trajetória de Adriano, o volante viu gols e problemas, recaídas e superações.
Willians reconhece o erro, pede desculpa aos companheiros, ao técnico Vanderlei Luxemburgo, à torcida e promete:
- Vou ser um novo Willians.
O que você pode falar sobre todo episódio, do sumiço, a falta ao treino de sábado sem dar justificativas, o afastamento?
Sei que errei por não ter ido ao treino. Errei com meus companheiros, com a torcida, com o professor Vanderlei, com a diretoria, todos que contavam comigo. Não estava num momento muito agradável. Passava por problemas particulares há um tempo, mas sempre guardei para mim, sabia que uma hora ia estourar. Queria ficar sozinho, não tinha mais cabeça para jogar, nem para ir trabalhar. Fiquei isolado, sem ninguém para me incomodar. Lógico que sei que tinha que dar uma justificativa, mas não tinha cabeça para fazer isso. Não estava legal. Aconteceu, refleti muito no sábado, domingo, conversei com minha esposa, amigos e familiares. Pude refletir bastante. Estou muito arrependido. Deixei companheiros, o Flamengo e a nação numa situação difícil. Estava de cabeça quente. Quando fica assim, a pessoa não pensa em nada. Acabei explodindo. Queria parar de jogar, eu ia parar. Com o apoio de todos, do próprio Isaías Tinoco, que conheço há muito tempo, vou fazer o máximo para voltar a jogar e ajudar a equipe.
Entrevista com Willians do Flamengo (Foto: Janir Junior)Willians faz sinal de positivo na varanda do apartamento onde vive (Foto: Janir Junior)
Você repensou o fato de parar de jogar, sabe que errou, pede desculpas... Mas o que esperar do Willians a partir de agora?
Admito que toda ajuda é válida. É sempre bom tem um ser humano ao seu lado para dar apoio nos momentos bons ou ruins. Vivi uma fase boa e passei por uma situação que não era apropriada. Tenho um amigo que é psicólogo. Ele vai me ajudar, já que tenho dificuldades de abrir meus sentimentos para quem não conheço. Eu precisava disso. Farei de tudo para voltar a jogar. Vou buscar ser um novo Willians. Tenho que pensar na minha família, na minha esposa, meus filhos.
Como seria um novo Willians?
Quero conquistar muita coisa, tenho 25 anos, sou novo, tenho que tirar isso como aprendizado. Quero ser ídolo, quem sabe um dia jogar no exterior, ser reconhecido, ser lembrado. Isso é o que quero. Uma criança que sonha ser como a gente, como eu fui um dia, nunca pode largar esse sonho.
Saindo do interior de São Paulo, com origem humilde, você passou pelo Santo André e chega num clube como o Flamengo. O mundo do futebol mexeu com sua cabeça?
Para você fazer o que você pensa, analisar o que está acontecendo, tem que ter uma estrutura. Eu não tive. Era muita coisa na cabeça, a questão de dinheiro... Não soube conduzir o que tinha que fazer ou não. Tive meu momento de fraqueza"
Willians
Acho que sim. Para você fazer o que você pensa, analisar o que está acontecendo, tem que ter uma estrutura. Eu não tive. Era muita coisa na cabeça, a questão de dinheiro... Não soube conduzir o que tinha que fazer ou não. Tive meu momento de fraqueza. Mas todos merecem uma chance para dar a volta por cima. Isso que quero fazer. Fazer meu trabalho bem, pois não cheguei aqui roubando ninguém.
Para permanecer no Flamengo, mais do que nunca terá que provar que tem compromisso com o clube, não poderá cometer mais erros...
Quero ficar no clube, tenho essa vontade grande. Foi o clube que abriu as portas para mim, onde conquistei título, que me fez sentir bem, fiz muitos amigos. Acho que vou voltar com tudo, como sempre foi.
Quando se quebra a confiança é difícil reconquistar. Como fazer para conseguir isso?
O trabalho e a disciplina são as melhores respostas. Vou mostrar que estou querendo.
Concorda que é preciso ter a cabeça no lugar, que os problemas e excessos fora de campo refletem diretamente dentro das quatro linhas?
Sendo pessoa pública, o jogador, muita coisa ao redor. Tenho que esquecer e mostrar que todo ser humano erra. Fazer de tudo para acertar.
Entrevista com Willians do Flamengo (Foto: Janir Junior)Na parede, as conquistas como jogador de futebol profissional (Foto: Janir Junior)
Por um problema particular, você quase coloca tudo a perder. Tem noção que toda a caminhada desde a infância passou perto de ser jogada fora?
No momento em que eu estava, não pensei em tudo que passei, no meu começo de carreira, das dificuldades. As pessoas ao lado abriram meu olho, que eu não tinha que largar. Agora, tenho que seguir em frente para chegar no clube e pedir desculpa a todos. Dentro do clube vou mostrar o que é ou não é.
Futebol tem momentos de conto de fadas com capítulos de terror ou suspense?
Futebol não é só um conto de fadas, muito pelo contrário. Dentro ou fora de campo todos têm problemas. Passei por esse problema. Não sou um robô, máquina, tenho sentimentos. Você está ali, mas ninguém sabe o que passa dentro de ti. Ninguém sabia o que se passava comigo, eu não me abria, acabei estourando.
Se hoje você encontrar seus companheiros, que ficaram preocupados, com Vanderlei, que achou falta de compromisso, com a torcida, que sabia da importância do jogo... O que falaria?
Pude ver a força de vontade que ele (Adriano) teve para mostrar que era o Imperador. Achei até emocionante, ele é como um irmão. Tive essa recaída e vou tirar de lição. O Pitbull vai voltar."
Willians
Não estava num momento bom para jogar. Sei que errei. Uma desculpa não seria tudo. Quero fazer as pessoas olharem que sou ser humano, se conversasse alguns entenderiam.
Tem um prazo para tentar voltar ao grupo?
Primeiramente, tenho que voltar ao trabalho. Separado ou não do grupo, vou voltar a trabalhar, passar confiança para voltar a jogar. Sei que tenho essa capacidade.
Há poucos dias, você nem queria ver bola, e agora já está com saudade?
Quero voltar a atuar, quero treinar com bola, para mostrar que eu vou voltar.
No videogame (o jogador é fanático pelo futebol virtual), você escalaria o Willians?
Escalaria, sim. Afinal, sou eu (risos). Estou jogando ainda mais videogame para relembrar. Me ver é sempre bom.
Mas no videogame não tem como treinar separado...
Não dá mesmo. Ou tá dentro ou tá no banco, na casinha.
Entrevista com Willians do Flamengo (Foto: Janir Junior)Em quadro, Willians em dois momentos pelo Flamengo (Foto: Janir Junior)
Em 2009, Adriano viveu situação semelhante. Largou a Internazionale de Milão, disse que abandonaria a carreira, cometeu excessos fora de campo, mas, mesmo com todos os problemas, conseguiu voltar e ser campeão brasileiro...
Pude ver a força de vontade que ele teve para mostrar que era o Imperador. Achei até emocionante, ele é como um irmão. Tive essa recaída e vou tirar de lição. O Pitbull vai voltar.

 

Deivid: ‘Não podemos terminar o ano sem ganhar um título de expressão’Atacante diz que time ainda tem força para ser campeão, mas, se não fosse jogador, apostaria no Corinthians: 'Ia apostar no cavalo que está em quinto?'

Atacante diz que time ainda tem força para ser campeão, mas, se não fosse jogador, apostaria no Corinthians: 'Ia apostar no cavalo que está em quinto?'

 

Deivid vê o Flamengo pressionado. Para o atacante, apesar de o Rubro-Negro ainda estar vivo na briga pelo título e por uma vaga na Libertadores, pelo grupo que tem o time deveria estar em situação muito melhor na tabela. Pontos perdidos em casa, deslizes contra equipes consideradas de menor expressão, erros em excesso. Com 52 pontos, a equipe está na zona de classificação para a competição continental, mas a seis pontos do líder Corinthians. Segundo o matemático Tristão Garcia, a chance de título é mínima: 1%. O camisa 9 ainda acredita na arrancada e pede esforço extra na reta final.
- Com o grupo que se formou, a expectativa criada em torno da equipe, não podemos terminar o ano sem ganhar um título de expressão. Nós temos condição, um time forte, um grupo forte. Desde o jogo contra o Santos (empate por 1 a 1, no Rio) era um jogo decisivo. Estamos perdendo pontos bobos, restam seis jogos, essa é a situação que se apresenta e temos de ser realistas. Seis jogos, seis finais. Temos de ganhar todos para bater campeão. No começo do campeonato, perdemos pontos para o Bahia (empate por 3 a 3, em Salvador, na tarceira rodada), mas ainda restavam muitos jogos. Agora, são só seis. Não tem mais como errar como erramos contra Grêmio (derrota por 4 a 2, de virada), Santos, Palmeiras (empate por 1 a 1, também no Rio). Temos jogadores experientes, maduros, acostumados a ganhar títulos.
deivid flamengo thiago neves  (Foto: Ivo Gonzalez /Globo)Deivid e Thiago Neves no treino desta quarta-feira, no Ninho do Urubu (Foto: Ivo Gonzalez /Globo)
A partida contra o Cruzeiro será neste domingo, no Engenhão, às 17h. Os mineiros lutam para escapar do rebaixamento e vivem situação crítica. Deivid se preocupa com a campanha irregular do Flamengo como mandante. O time conquistou apenas 56% dos pontos em casa. Ele constata.
- Estamos jogando melhor fora do que em casa. Acho que é pelo fato de jogar em casa, obrigação de sair para cima, de ganhar, a torcida empurrando, nos vemos na obrigação de atacar. Aí levamos o gol, temos que correr atrás e às vezes não conseguimos.
Se não fosse jogador, seria pedreiro. Só sei jogar bola (risos). Apostaria no líder, no cavalo da frente. Acha que eu ia apostar no cavalo que está em quinto e sexto? Vai apostar na zebra no jóquei? Apostaria no Corinthians"
Fora de casa, o aproveitamento rubro-negro é de 50%, um pouco pior que o percentual como mandante.
Apesar do discurso confiante, Deivid também é sincero. Perguntado sobre em quem apostaria como candidato ao título se não fosse jogador, apontou o líder.
- Se não fosse jogador, seria pedreiro. Só sei jogar bola (risos). Apostaria no líder, no cavalo da frente. Acha que eu ia apostar no cavalo que está em quinto e sexto? Vai apostar na zebra no jóquei? Apostaria no Corinthians – disse.
O Flamengo é o quinto na tabela. Para a partida contra o Cruzeiro, Renato, suspenso, e Willians, afastado por indisciplina, estão fora. Thomás e Maldonado devem ser os substitutos. Pela manhã, o grupo fez um trabalho físico no CT, mas sem Ronaldinho. Ele sente dores na coxa esquerda e fez tratamento. À tarde, haverá mais uma atividade.